Na mitologia hindu, a maconha é a planta sagrada de Shiva
Entre todas as literaturas espirituais, são as escrituras hindus que contêm as mais antigas e profusas referências diretas à cannabis como um estimulante divino. Como já foi mencionado, os Vedas identificam o bhang ao meio pelo qual uma pessoa tanto comunga com o deus Shiva quanto se livra do pecado.
Uma história mítica das escrituras relata como Shiva e a planta cannabis vieram a se associar. Após brigar com sua família, Shiva se afasta indo até os campos para ficar só. Oprimido por um sol inclemente, encontra abrigo sob uma planta alta de cânhamo e então esmigalha e come algumas de suas folhas. A merenda o revigora tanto que ele adota a planta como seu alimento preferido, tornando-se por isso conhecido como o 'Senhor do Bangh'.
Segundo Joseph Campbell, num apêndice ao Relatório da Comissão Indiana para Drogas do Cânhamo de 1893-1894: 'Aquele que bebe bangh bebe Shiva. A alma em que o espírito do bangh encontra morada desliza para um oceano de Ser livre do extenuante círculo de matéria que se cegou.' Ele continua: 'Para o hindu, a planta do cânhamo é sagrada. Um guardião vive na folha do bangh ...
Encontrar alguém carregando bangh é um presságio seguro de sucesso. Ver em sonho as folhas, a planta ou a água do bangh traz sorte; ele põe a deusa da fortuna ao alcance do sonhador um anseio por bangh prenuncia felicidade. ' Um texto hindu do século XVII, Rajvallabha, confirma que o consumo desse alimento dos deuses gera energia vital, amplia os poderes mentais e produz deleite para Shiva.
Nos tempos antigos a preparação da resina de cânhamo era um segredo dos sacerdotes brâmanes, que restringiam seu uso público, permitindo que o bangh fosse consumido apenas ocasionalmente e em quantidades limitadas em celebrações religiosas (...)"
Fonte: O Grande livro da Cannabis - guia completo", página 53