Maconha avança rumo a legalidade, apesar das normas internacionais.
Apesar de ainda ser uma substância proibida ao abrigo das convenções internacionais sobre drogas, a maconha continua avançando em direção a legalidade, como ficou evidente hoje nas Nações Unidas.
O debate sobre a maconha, embora tenha ficado fora dos documentos oficiais, no fundo é uma das questões centrais da primeira sessão especial sobre as drogas que a Assembléia Geral da ONU, realizada em 18 anos.
No primeiro dia foi o presidente do México, Enrique Peña Nieto, que recebeu muita atenção quando se abre a porta para a legalização da maconha para uso médico no país.
Canadá, um país que já assumiu que era contra anos atrás, hoje foi mais longe e anunciou que em 2017 vai propor legalizar a substância também para uso recreativo, uma promessa eleitoral do primeiro-ministro liberal Justin Trudeau.
"Vamos introduzir a legislação na primavera de 2017 para garantir que mantemos a maconha das mãos dos nossos filhos e os benefícios fora das mãos de criminosos", encaminha o ministro da Saúde canadense Jane Philpott, em seu discurso na Assembleia Geral.
Canadá se apresentou e em seguida o caminho ficou aberto para o Uruguai, o primeiro país do mundo a permitir oficialmente o cultivo e distribuição de maconha, desde a adoção em 2013 de uma lei promovido pela administração do então presidente José Mujica.
Uruguai defendeu hoje seu modelo na sede da ONU e disse que está em contato com as autoridades canadenses e outros estados estão considerando regularização da maconha.
"Estamos interessados em manter os laços com os países que têm políticas voltadas para os direitos dos indivíduos e saúde pública", disse ele numa conferência de imprensa, o chefe do país National Board Drogas, Milton Romani.
No entanto, Romani deixou claro que o Uruguai "não se destina a universalizar" o seu modelo, mas é a favor de um consenso internacional na sala, que têm diferentes abordagens.
No papel, a experiência uruguaia está fora das convenções internacionais que regem as políticas de drogas e a iniciativa, de fato, tem sido criticada pela agência da ONU responsável pelo controle de drogas.
A validade destas convenções foi reiterada na declaração adotada por todos os países da ONU por ocasião da ciumeira desta semana, embora o texto também deixa claro que estas disposições permitem um bom negócio à "flexibilidade" para os Estados Unidos.
Além do que foi escrito, a realidade é que nos últimos anos a maconha não parou de se mover em direção ao reino da lei.
O ex-grande promotor da chamada guerra contra as drogas, os Estados Unidos, tem visto muitos de seus estados darem luz verde à maconha medicinal e como quatro deles: Colorado, Washington, Alasca e Oregon permitem o uso recreativo.
Na Europa, além da famosa tolerância holandesa, muitos países tem regulado os usos medicinais e quase todos têm descriminalizado o consumo, o que também é muito comum na América Latina.
Confrontados com esta abordagem, a cúpula sobre drogas da ONU serviu para deixar claro também que muitos outros países têm uma abordagem oposta.
Cingapura, por exemplo, ofereceu hoje um discurso duro contra os países que optaram pela legalização.
"A evidência é clara: maconha é prejudicial e pode causar danos cerebrais irreversíveis e prejudica as habilidades cognitivas, a maconha é viciante", disse o ministro do Interior, K. Shanmugam.
"Para nós, a escolha é clara. Queremos uma Singapura sem drogas, nenhuma droga tolerada em Cingapura", defendeu o ministro, cujo país tem leis de drogas duras e aplica a pena de morte para delitos de drogas.
Apesar de Singapura, Indonésia e Irã estão pela dureza de seus castigos, a oposição à legalização da maconha e outras substâncias que é comum em muitos países da Ásia e África, que não calaram-se à novas abordagens.
"Com todo o respeito aos direitos soberanos dos Estados, estamos muito preocupados com a tendência crescente em algumas partes do mundo a legalização das drogas ilícitas", resumiu o ministro do Interior paquistanês, Chaudhry Nisar Ali Khan.
FONTE: http://www.eldiario.es/politica/marihuana-avanza-legalidad-normas-internacionales_0_507799223.html