O câncer de Mama é uma doença desastrosa que afeta a vida de pacientes e familiares em todas as partes do mundo. Este tipo de câncer continua sendo o tumor maligno mais comum entre as mulheres ocidentais e é responsável por 22,9% de todos os cânceres em mulheres de todo o mundo. Em 2008, o câncer de Mama foi relatado como causador de mais de 450 mil mortes no mundo inteiro. Mas pesquisas vem mostrando que a Maconha pode se tornar o foco principal no combate desse tipo de doença.
Canabinoides e Câncer
A maconha é um medicamento milenar, utilizada e documentada pela civilização humana há pelo menos 5 mil anos. Mas ainda assim o potencial terapêutico dos canabinoides – compostos encontrados na maconha – no tratamento do câncer só foi descoberto recentemente. Desde o final da década de 1990, inúmeros estudos pré-clínicos demonstraram os efeitos anti tumorais de canabinoides em uma grande variedade de cânceres.
Estudos mostram que os receptores de canabinoides são super expressados nas células tumorais de determinados cancros, tais como do fígado, pulmão, da próstata e da mama. Dessa forma, os pesquisadores têm sido levados a acreditar que o sistema endocanabinóide pode ser um regulador do câncer, em um esforço biológico natural para lutar contra a doença.
Esses estudos também mostraram que, quando os canabinoides são administrados e se ligam a estes receptores, eles são capazes de inibir o crescimento de células cancerígenas, impedindo a proliferação das células cancerosas e induzindo a morte das células do câncer. Além disso, os canabinoides foram utilizados tanto para prejudicar a angiogênese tumoral – o aumento do fluxo sanguíneo induzido pelas células tumorais – e metástase – o avanço do câncer para outros órgãos.
Canabinoides e o câncer de mama
Embora avanços médicos em relação ao câncer de mama tenham avançado nas últimas décadas, certos tumores mamários continuam a ser resistentes aos tratamentos convencionais. O câncer de mama é composto por tumores que são distintos em seus perfis moleculares, fazendo os profissionais médicos classificarem a doença em três subtipos principais.
As pesquisas sugerem que canabinóides sintéticos e fitocanabinoides (principalmente o THC e CBD) podem ser úteis no tratamento de todos os subtipos de câncer de mama, com a mais forte evidência de potencial terapêutico apontando para o tratamento de tumores de mama HER2-positivos e triplo negativo. O potencial terapêutico dos canabinóides é particularmente importante para os pacientes com câncer de mama triplo-negativo, uma vez que não há nenhuma terapia padrão existente na atualidade e o prognóstico para este grupo de pacientes geralmente e muito pobre.
Somando aos efeitos anticancerígenos da maconha, a pesquisa também mostra que os canabinoides são consideravelmente mais seguros e menos tóxicos que os tratamentos convencionais. Os canabinoides não são tóxicos com células saudáveis, inclusive as protegem (atacando apenas as células tumorais) e os pacientes muito mais tolerantes a esses canabinoides.
“Esse composto oferece a esperança de uma terapia não tóxica que pode atingir os mesmos resultados sem nenhum dos efeitos colaterais desastrosos” – Dr. Sean McAllister.
Em 2007, o Dr. Sean McAllister e sua equipe de pesquisadores foram um dos os primeiros a descobrirem as propriedades anti cancerígenas do CBD, utilizando-o com sucesso no tratamento do câncer de mama.
Como se vê, os canabinóides podem fornecer uma grande variedade de outros benefícios no tratamento do câncer, incluindo a prevenção de náuseas e vômitos associados aos tratamentos padrão de quimioterapia e redução da dor associada ao câncer. A pesquisa também mostra que, quando combinados com os tratamentos convencionais de câncer, os canabinóides são capazes de induzir uma ação sinérgica contra o câncer e as células tumorais, o que sugere que a combinação de tratamentos convencionais e os baseados em canabinoides podem ser mais potentes que o tratamento convencional sozinho.
Aplicações clínicas: o estado atual
Infelizmente, a pesquisa científica sobre os efeitos dos canabinoides no câncer de mama tem sido limitada a ensaios pré-clínicos envolvendo culturas de células e modelos animais. Os pesquisadores acreditam que novos ensaios pré-clínicos são necessários para identificar qual grupo de pacientes é mais adequado para o tratamento com canabinoides e quais canabinoides específicos são a melhor opção terapêutica para esses pacientes, antes de avançar para a fase clínica.
Até que estes fatores estejam estabelecidos, é muito improvável que os oncologistas estejam dispostos a prescrever medicamentos à base de canabinóides para o tratamento de câncer de mama, apesar do fato de os autores da pesquisa continuarem a afirmas a necessidade de que profissionais de saúde estejam atentos às pesquisas com canabinóides.
Em uma atualização recente (2013) publicada no Fórum de Enfermagem Oncológica, o editor associado Susan Weiss Behrend concluiu:
“…os canabinoides tem demonstrado atividade antitumoral em modelos pré-clínicos de câncer de mama. Profissionais de oncologia precisam estar cientes do potencial clínico desses agentes…” – Susan Weis Behrend, RN
Enquanto a maconha medicinal permanece inacessível à maioria das pessoas, produtos farmacêuticos baseados em canabinoides como o Marinol e Cesamet (capsulas orais de THC sintético) são amplamente disponíveis para pacientes de câncer para o tratamento de náusea induzida pela quimioterapia. Da mesma forma, o Sativex (spray de boca natural derivado de canabinoides) foi aprovado no Canadá para o tratamento de câncer.
Mas as pesquisas modernas com canabinoides só florescem e continuam a fornecer fortes evidências dos efeitos de combate co câncer destes compostos. Os pacientes devem ficar otimistas sobre o futuro do câncer e o papel emergente de tratamentos à base de maconha que podem um dia tomar o centro do palco na batalha contra esta doença devastadora.
FONTE: http://projetocharas.com/o-futuro-da-terapia-do-cancer-de-mama/