Uma pergunta do escritor e colunista da Folha Ruy Castro divulgada na coluna de Ancelmo Gois no jornal O Globo movimentou o mundo médico neste semana.
Ruy Castro questionou por que médicos não se manifestavam a favor da legalização da maconha, mas apenas advogados, sociólogos e ex-presidentes.
Em resposta, o psiquiatra Luís Fernando Tófoli, da Unicamp, divulgou um documento em defesa da legalização com quase cem assinaturas, entre elas a do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão.
Após isso, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Antônio Geraldo da Silva, criticou o documento. Temos uma posição consolidada contra a legalização e 6.500 assinaturas [referindo-se ao número de associados] de apoio, diz.
Ruy Castro diz que não está engajado em nenhuma campanha. Apenas fiz uma pergunta e me responderam.
Sobre o estudo para a liberação do canabidiol (CBD), um dos 80 compostos presentes na maconha, anunciado nesta quinta-feira (15) pela Anvisa, ele afirma não ver problemas, já que é possível usar, por exemplo, o veneno de jararaca para fabricar remédios, o que não quer dizer que você deva liberar o veneno de jararaca para ser tomado como se fosse refrigerante.
Para Tófoli, apenas liberar a substância CBD não resolverá o problema, porque o que as pessoas estão fazendo é importar pastas ou óleos de maconha ricos em CBD. A substância em si é produzida por poucos laboratórios e usada apenas em pesquisa.
Sobre a legalização, ele diz que não se trata de negar malefícios, mas de controlá-los da melhor forma por meio da legalização, da regulamentação e da educação.
Antônio Geraldo da Silva teme que a liberação do CBD contamine a discussão sobre a legalização da maconha.
São necessários estudos que mostrem que o uso do canabidiol justifica-se e, a partir daí, estudar uma maneira de liberá-lo.