Manifestantes estenderam faixas com a frase 'Me governa, Mujica'.
Ato, marcado na internet, pede implantação de modelo adotado no Uruguai.
Quatro dias após a Câmara do Uruguai aprovar a legalização e a regulamentação da venda da maconha no país, um grupo de cariocas resolveu fazer um protesto de maneira bem-humorada no fim da tarde deste domingo (4), na Praia de Ipanema, na Zona Sul da cidade.
Às pressas, organizadores da Marcha da Maconha planejaram o ato, que assim como as outras manifestações ocorridas no Rio, foi marcado pela internet. Com faixas e cartazes, eles pediam a candidatura do presidente uruguaio José Mujica ao governo do estado do Rio de Janeiro.
Muitas faixas contra o governador Sérgio Cabral, principal alvo dos protestos no Rio, também podiam ser vistas. Por volta das 18h, os manifestantes, que estendiam cartazes com a frase "Me governa, Mujica", pretendiam seguir em direção ao acampamento montado em frente à casa de Cabral, na Avenida Delfim Moreira, no Leblon.
O vereador Renato Cinco (PSOL-RJ), conhecido por sua luta pela legalização da droga, destacou o aspecto político da pauta. "A proibição causa muito mais violência e corrupção do que o contrário. A luta é também por questão de segurança", explicou o vereador.
Mathias Maxx, organizador da Marcha da maconha desde 2007, explicou que o plantio em casa ou em pequenas cooperativas, de até 50 pessoas, beneficiariam a economia e a sociedade. "Ninguém teria que recorrer ao tráfico", explicou ele.
Uruguai
A Câmara do Uruguai aprovou na noite de quarta-feira (31) a legalização e a regulamentação da venda da maconha. Agora, o projeto segue para o Senado. Aprovado, o que deve ocorrer, o país vai se tornar o primeiro do mundo a adotar tal medida.
O projeto, apoiado pelo presidente esquerdista José Mujica, prevê a criação de um órgão do governo para realizar o controle do Estado sobre a importação, o plantio, o cultivo, a colheita, a produção, a aquisição, o armazenamento, a comercialização e a distribuição da maconha e seus derivados.
A legislação prevê a criação de um Instituto Nacional de Cannabis para controlar a produção e distribuição da droga, impor sanções aos infratores e formular políticas educacionais para alertar sobre os riscos do uso de maconha.
Após o devido registro, os usuários poderão comprar até 40 gramas mensais de maconha nas farmácias, mas também será permitido o cultivo para consumo próprio ou em clubes de fumantes.
O polêmico projeto é rejeitado por 63% da população, segundo recente pesquisa do instituto Cifra.