O último número do Journal of Experimental Botany da Universidade Oxford trouxe uma revelação curiosa. Foi descoberto, em uma das tumbas de Yanghai, no deserto de Gobi (China), o mais antigo depósito pessoal de maconha do mundo.
As ervas foram guardadas há 2.700 anos, enterradas com o corpo de um homem adulto. Com ele havia ainda outros itens de valor na época, como cerâmica, arcos e flechas. Na região, como no antigo Egito, era parte da tradição enterrar junto com os corpos objetos considerados necessários para a vida após a morte.
A maconha estava bem armazenada, em um recipiente de madeira dentro de uma cesta de couro. Já se sabia que os habitantes de Gobi usavam a fibra da Cannabis Sativa, o cânhamo, para confeccionar roupas e outros materiais. Mas o fato de não haver na tumba partes de plantas macho, que contêm menos do princípio ativo e por isso não causam efeitos no usuário, reforça a tese de que eles também usavam a maconha como droga.
Nenhum objeto usado para fumá-la, como cachimbos, foi encontrado nas covas, o que indica que consumiam a erva de outra maneira. “Talvez eles a ingerissem ou a fumegassem (em fogueiras), como mais tarde os Citas, mais ao oeste, costumavam fazer”, acredita o pesquisador Ethan Russo, que conduziu a análise do material.
O achado foi guardado no Museu Turpan, em Xinjiang, na China.