Alterações climáticas estão deixando a Maconha mais forte
Em meio à cobertura da pior seca registrada no centro-oeste norte-americano nos últimos 50 anos, uma jornalista da NBC esbarrava com frequência em uma planta que não parecia ligar muito para a falta de água. Era ela: a maconha. Quando a repórter perguntava a fazendeiros do estado de Iowa sobre a plantinha, todos davam de ombros. Eles a chamavam de “erva de trincheira” (Guerrilha) e pareciam meio chateados com os pedidos da polícia para arrancá-la da terra.
A real é que a maconha se dá muito bem com secas. Segundo pesquisadores, a planta consegue prosperar em condições de escassez de água e com altas concentrações de CO2. Algumas pesquisas indicam que até mesmo suas propriedades psicotrópicas são potencializadas em condições estressantes.
“A maconha é uma planta com altíssima tolerância à seca. É uma erva daninha, cresce em qualquer lugar”, disse o agente Bill Weinman, do DEA (Drug Enforcement Agency, órgão americano de combate às drogas), à Rocky Mountain News durante uma seca ocorrida em 2002. “A seca não afeta tanto a maconha: sua colheita se mostra muito maior que a de outros cultivos."
Os indícios são antigos. Uma matéria da Associated Press de 1988 sobre a apreensão de plantas no estado de Virgínia em tempos de seca vinha com a manchete “A Seca Possivelmente Potencializa a Maconha”. O jornalista responsável entrevistou um pesquisador da Universidade Virginia Tech que acreditava que os alcaloides presentes na maconha se concentravam mais em climas quentes, a exemplo do tabaco e da coca.
Agora sabemos que o ingrediente ativo da cannabis é o tetraidrocanabinol, ou THC, que não é um alcaloide. Ele é produzido pela planta como um repelente e, segundo pesquisas recentes, em maior escala quando está sob estresse.
Lewis Ziska, um fisiologista vegetal do Departamento de Agricultura dos EUA, e o etno-botânico James Duke, do mesmo órgão, afirmam que seus estudos mostram que estressores ampliarão as propriedades “medicinais” das plantas.
“Quanto maior o estresse sofrido por uma planta – frio ou calor ou doenças ou choques físicos mesmo – mais medicinal e comestível ela se torna”, afirmou Duke ao The Daily Climate, que publicou um resumo dos motivos pelos quais a maconha pode ser potencializada por causa de mudanças no clima.
Ziska, por sua vez, mostrou que ao passo em que o nível de CO2 na atmosfera aumenta, a maioria das plantas, incluindo a maconha, se beneficiará.
FONTE: http://motherboard.vice.com/pt_br/read/clima-seco-maconha-mais-forte