Porto Rico legaliza maconha medicinal
O governador de Porto Rico, Alejandro García Padilla, assinou este domingo uma ordem executiva que legaliza o uso medicinal da maconha e os seus derivados na ilha, se somando assim à lista de países que aceitam a droga como legal para fins médicos, especialmente, em casos de dor crônica.
"Estamos tomando um passo significativo na área de saúde que é fundamental para o nosso desenvolvimento e qualidade de vida", explicou García. "Tenho certeza que muitos pacientes receberão tratamento apropriado que lhes oferecerá nova esperança", segundo informam meios locais.
A maconha medicinal já é legal em 23 estados dos Estados Unidos. No que se refere à zona de América latina e Caribe, a Jamaica aprovou recentemente uma lei que despenaliza parcialmente portar quantidades pequenas de maconha e despeja o caminho para um setor legal de cannabis medicinal.
Em 2012, a Corte Suprema da Colômbia confirmou uma norma já existente, segundo a qual a possessão de drogas para uso pessoal não é um crime. O máximo permitido se estabeleceu então nos cinco gramas de maconha e um grama de cocaína.
Também se despenalizou na Argentina, em 2009, o consumo de maconha em adultos, sempre que se realize em privado e não implique riscos para terceiros. No Chile, se tolera o consumo de cannabis de forma pessoal, mas não a produção nem a venda da mesma.
Investigações científicas demonstraram que alguns componentes do cannabis são efetivos para o tratamento de diversas condições, particularmente a dor crônica. Alguns dos usos aceitos da maconha medicinal incluem:
- Câncer: Os pacientes de câncer que recebem tratamento de quimioterapia comummente padecem de naúseas, vómitos e perda do apetite, sintomas que podem ser resistidos mediante o uso do cannabis, segundo publicou o diário porto-riquenho 'El Nuevo Día'.
- Escleroses múltipla: As propriedades analgésicas da maconha podem ajudar a tratar a dor crônica que aflige a alguns pacientes desta condição neurodegenerativa. Além disso, estudos demonstram que a maconha é efetiva para combater a espasticidade muscular que provoca a condição, e se acha que pode deter os danos neurológicos e os espasmos musculares que ocasiona.
- Glaucoma: O uso médico do cannabis ajuda a diminuir a pressão intra-ocular nos olhos com glaucoma.
- Dores de cabeça: Embora são poucos os estudos que se têm realizado nos Estados Unidos, se considera que a maconha é um tratamento efetivo para os ataques de dores de cabeça. Recentemente, um estudo na Califórnia publicado em 'The Journal of Neuroscience' destacou os resultados positivos de um tratamento com maconha em pacientes de dores de cabeça.
- Doenças crônicas: Os derivados do cannabis podem ser usados para tratar satisfatoriamente os sintomas de condições como a doença do intestino irritável (IBS, pelas suas siglas em inglês) e a doença de Crohn's.
UM SETOR MÉDICO RETICENTE
Segundo afirmou o presidente do Colégio de Médicos e Cirurgiões de Porto Rico, Víctor Ramos: "Não sabemos os alcances da ordem executiva do governador que autoriza o uso medicinal do cannabis, mas o Colégio de Médicos e Cirurgiões se opõe ao uso da maconha fumada como um componente medicinal, porque a maconha fumada não é medicina".
"Estaria bem se estamos falando do THC (tetradidrocannabinol) ou do extrato de cannabidiol (CBD), que não é viciador e demonstrou ter faculdades curativas. O cannabidiol achamos que deveria legalizar-se e pôr-se em categoria quatro ou cinco de estudo porque não é viciador e assim se poderia comprovar clinicamente o seu uso medicinal", acrescentou Ramos numa entrevista com o diário porto-riquenho 'Metro'.
"Embora não é nem vai ser a primeira opção de tratamento, o THC se usa para controlar a dor em pacientes de câncer e o cannabidiol demonstrou ter efeitos na epilepsia e o glaucoma. Se usam em azeites, cannabidiol fumado similar a um cigarro eletrónico e cremes", explicou Ramos.
Por outro lado, considerou que "não é bom que o governador evite à sua legislatura porque poderia ocorrer que alguém vá ao tribunal questionar a ordem, o que não beneficiaria a nenhum paciente".
